O ato de ensinar é mágico para mim. Quando pensava em ministrar aulas,
não tinha ideia da magnitude que seria exercer esta profissão. É um ato diário
de trocar energias e saberes.
Do delírio imaginativo (surreal) ao mundo real propriamente dito,
ensino para meus alunos tudo que estiver em contato com a Arte e isso abrange
muuuuita coisa. Quando dizemos que nem tudo é arte é porque para um objeto ser
considerado arte, depende de diversos fatores institucionais, sociais e
mercadológicos, o que não vamos discorrer aqui, mas é seguro afirmar que em
quase tudo que se possa imaginar a arte está presente de alguma forma. E é o que mais me fascina neste ramo.
Ano passado trabalhei com meus alunos um projeto que teve como tema
geral o estudo da identidade. Esta temática norteou diversos outros subtemas
como identidade individual, identidade coletiva, identidade social, identidade
cultural e por ai vai. Escolhi este tema pelo momento de mudanças em que eu
vivia, mas também por ter uma necessidade de sentir quem eram essas pessoinhas
que iam conviver comigo, escutando, debatendo, dialogando e produzindo arte.
Estes jovens fazem parte de uma geração que está aprendendo desde cedo
a dizer o que pensam, como pensam e porque pensam. Eu sou da geração que
rebobinar uma fita VHS era divertido e gravar a música preferida numa fita K7
era um trabalho para uma tarde inteira, já que dependíamos de esperar a rádio
colocar no ar a tal música para apertar o “REC”. A galerinha de hoje baixa
musica da internet e ouve no Ipod, um objeto que tem uma memória enorme e que
às vezes tem o tamanho de um cartão de memória SD, aproximadamente 6cm².
Não é uma tarefa fácil ensinar a eles um monte de coisa de séculos
atrás, se o que eles tem hoje em dia é muito mais interessante. Foi ai que eu
comecei a pensar e a construir este projeto. O meu ponto de partida foi o
cronograma de conteúdos obrigatórios que recebi, quando fui chamada no concurso
do município de Viamão. Na minha opinião inicial, havia muito pouco sobre
história da arte, muita data comemorativa e conteúdos invertidos, tipo algo
para se ensinar no 6ºAno que seria mais apropriado no 7º Ano e vice-versa.
Talvez um “pré-conceito” meu, já que tinha pronto um cronograma de quando eu
dava aula no Estado, que gostaria de ter utilizado em 2013, bem mais carregado
de teoria, seguindo cronologicamente a história da arte do 6ºAno ao Ensino
Médio. Com o tempo vi que teoria é importante sim, mas que se for demais rouba
tempo e que tempo é o bem mais precioso nas aulas de artes. As coisas que a
gente vai aprendendo... Hoje tento adequar o que está na moda, na mídia, nas
redes sociais, na arte contemporânea com habilidades que eles precisam
desenvolver para seguir para o ano seguinte, contextualizado o “atual” e o “de
antigamente” sempre que dá.
Sei que o meu trabalho ainda tem muito o que melhorar, mas acredito que
já consegui adaptar a minha metodologia ao público que temos hoje em dia nas
escolas, de forma eficiente. Se eu puder deixar algumas dicas para os meus
colegas de profissão e disciplina, posso considerar dizer que é interessante sempre
reciclar as ideias de atividades, mas vale a pena guardar uma que outra, pois
nunca sabemos quando vamos precisar e mais do que qualquer coisa, a troca de
experiências com outros professores é muito importante e firmar parcerias interdisciplinares
é possível e valoriza o trabalho de ambos os profissionais.
Com o Projeto “Identidade: Arte” colhi frutos valiosos no ano de 2013 e
um dos mais importantes foi o convite para fazer parte da equipe do Educativo da
Fundação Vera Chaves Barcellos.
Então o que divido aqui com vocês não é só o projeto, mas também a alegria
de ter o trabalho reconhecido. Será um prazer compartilhar o que estou
aprendendo e o que ainda virá nesta nova empreitada.
Vou postando algumas ideias de atividades e materiais legais para se
trabalhar na sala de aula.
Espero que gostem e aproveitem!
Até o próximo post!
Algumas Bibliografias utilizadas:
SANT’ANNA,
Renata. Saber
e Ensinar Arte Contemporânea. São Paulo: Panda Books, 2009. 52 pp.
CANTON,
Kátia. Espelho
de artista : auto-retrato / Katia Canton. 3. ed.
rev. São Paulo : Cosac & Naify, 2004. 48 p., il..
CANTON,
Kátia. DVD
Auto-retrato:
espelho de artista. Rede
Sesc/Senac de Televisão, São
Paulo, 2001. 23min.
QUINTANA, Mario. Espelho
Mágico.
São Paulo: Globo, 2007. 2.ed. 79p.
Sites relacionados:
Sobre
DVD Arte na Escola: http://artenaescola.org.br/dvdteca/catalogo/dvd/74/
Sobre
exposição Inéditos, ou quase... http://fvcb.com.br/?p=3625
Material
Pedagógico FVCB: http://fvcb.com.br/?page_id=4369